Estava em meu trono sacro, beato, cagando bostas secas e pequenas, assistindo televisão, enquanto concomitantemente cagava e trocava de canal um para outro, quando fixei minha atenção num canal com horário comprado por uma igreja neopetencostal e em seguida me arrebatou um momento de reflexão: o que eu pude observar foi uma enunciação de outra natureza, um chamariz de outra estirpe. Iscas bem diferentes das veiculadas pelas igrejas mais ortodoxas, ou seja, a retórica que se difunde nas tribunas de dito doutrinário é de uma bem-aventurança terrana, de acumulação de riquezas, de um bem-estar da carne e de um alívio, de um descarrego da mente - um discurso estritamente aliado ao capital. Ao contrário da retórica das ortodoxas que trazem um discurso em si pleno de promessas de uma vida eterna além desta terrena. Realmente o ultimo cristão foi o que morreu na cruz...
Metaforicamente falando, o discurso das ortodoxas funciona hoje como um aperto de mão firme e seguro. Já o do protestantismo "reformado" funciona como uma lança cravada no cérebro e no bolso. Este realmente se atualizou. Está mais próximo do mundano, e por isso mais humano, arrebatando mais e mais cabeças. E como sempre, ele dita aquilo que as pessoas gostariam de ouvir. Simples assim.
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