MANIFESTO
ESQUIZOPOÉTICO
A
homoafetividade se alastra pelos corpos, pelas vestias, pelos tecidos que
transpiram afetos! Existir é pandemônio incessante! Olhem! Meninos que curtem
meninos e meninas que curtem meninas e vice-versa. Amor, carinho, num toque,
num olhar... Tanto quanto os maluquinhos, as psicoses - o que desagrega, sim,
faz bem, reinventa a vida! Logo o escarro expansivo, imoral se faz persistir
ante as cifras de classificação – detalhe, a vida categorizada, matematizada,
números que engedram subjetividades – Pulverizem o numero, o discurso dialético
do cientificismo! Toda essa babaquice pseudoacadêmica. A vida se faz, se refaz.
Vida - espaço onde circulam singularidades, vadias, escorregadias, gozadas pela
porra que cria - elementos que se cruzam e se beijam em orgasmo esplendido!
Valor
de certos discursos, validação de certas perspectivas que se fazem mais certas,
imbuídas por uma vontade de domínio. É
necessário olhos escrupulosos, imorais, Muito Escárnio na ponta da língua!
Reitero! Singularidades oprimidas, constrangidas, onde estão? Procuremos ou
façamos que apareçam! O constrangimento é algo que adoece...
O
QUE É NECESSÁRIO ENTÃO?
O
rompimento com as dicotomias ou com os lugares bem postos, bem instituídos,
deslocamentos produtores de angustia e de indignação. Naturalizados pelo tempo,
na verdade, pelos mecanismos discursivos discretos midiáticos, e os seus
arautos da verdade que conduzem muito bem sua retórica, em sofismas bem
articulados se empenham a defender a verdade da vida, os bons costumes. Avaliar
isso criticamente é avaliar os elementos que constituem todo esse saber sobre
determinado objeto, fenômeno histórico que constitui subjetividades, corpos
assujeitados pelas falas de especialistas, os especialismo do padre, o
especialimo do medico, do psicanalista, enunciações como modelos de uma
representação de certa medida da existência que deve ser defendida com unhas e
dentes. Avaliar é tirar a poeira que cobre a mobília velha que se conserva nos
pensamentos, nos olhares, nos gestos, nos músculos emperdenidos; toda uma
couraça moral que paraliza a vida dos outros e de si mesmo. Mais do que valores
morais, é possível entender o que pode ser possível com valores que afirmam a
vida? Um ética que afirma a existência de particularidades, uma ética que vê o
próprio sujeito como sujeito singular mergulhado numa multiplicidade de caras,
de taras, de corpos. É um exercício filha da puta, mas sei que vale a pena
tentar. Cada tentativa, cada mergulho, é uma aproximar-se mais, um contato com
um recorte do entorno, mas há tantos e tantos ainda por vir! Talvez por
reconhece-los, seja um sinal de saúde, de autosuperação do corpo. Este
atravessado por varias medidas, bombardeado por varias mordidas que tentam
abocanha-lo! Resta alguns caminhos, ou será mordido e devorado, lançado aos
lobos do lucro e perecerá em sua fragilidade deprimente perante tudo, ou como
rocha flexível virá a ser elementos que desconhece e que descobre a cada
instante por pertinácia renitente, por vontade de viver, de respirar, de mastigar,
de fuder e gozar, lançar porra mesmo numa tentativa de experimentação. Ou seja,
entendemos a vida como uma ESQUIZOPOESIA. Uma existência que se faz como corte
e recorte de vários ângulos que surgem de dimensões inesperdas. Um estética
absurda e inaudita da indiferenciação da matéria que se perde constantemente,
sem formas, apenas processos, apenas zonas que se aproximam, que se avizinham.
O caos numa cosmologia torpemente atraente! Convoco todos a experimentarem a
vida num exercício esquizopoético!