quinta-feira, 19 de julho de 2012

Renascimento

Falo com as estrelas, pois lá estão nossos antepassados. Não temo a morte, mas sim uma vida mal vivida. Minha mãe teve uma morte suave, digna de um anjo. O Grande e Eterno Céu Azul irá ouvir meu pranto. Ela descansará e depois cruzará terras céus e mares. Verá tudo que não viu nessa vida. Verá tudo que viveu em várias outras. As palavras dela finalmente surgiram no Céu noturno. Uma forte estrela em meio à escuridão: “Todo velejador deve saber: nenhuma tempestade dura para sempre. Quando o vento está forte demais, solte as velas e sente-se ao fundo do barco.”. Nasci para o Mar. Tenho espírito de Tubarão. Sei bem o que isso significa. “Ka mate, ka mate; Ka ora! Ka mate, ka mate; Ka ora!”. Eu morro, eu morrerei, eu vivo! É a Morte, É a Morte; É VIDA! O Sagrado Ciclo, assim como o Sol nasce, o Sol também se põe. O Eterno Retorno. Do Caos à Ordem, da Ordem ao Caos. O Ohm, que a tudo unifica e a tudo divide. Mas a cada novo ciclo, as fagulhas que retornam ao Grande Sol, deixam para trás pequenos fragmentos. E levam consigo outros. Há vida na morte. A Morte é o sentido da vida. Poucos compreendem a beleza que há nisso. Eu compreendo. “Ka mate, ka mate; Ka ora! Ka mate, ka mate; Ka ora!”. Eu morro, eu morrerei, eu vivo! É a Morte, É a Morte; É VIDA!

*Minha mãe faleceu a 16 de Agosto de 2010. Ela faria 63 anos hoje, 18 de Julho de 2012. Data marco da revolução francesa.

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